Malu Moreira
Alerta – Cavalo com excesso de peso
Atualizado: 9 de ago. de 2022
Conheça o ECC – Escore de Condição Corporal Equina e cuide da saúde do seu cavalo.

Olá amigo e amiga do chapéu! Hoje o assunto é bem sério…é um verdadeiro alerta!
Você sabia que a falta de atividade física e a alta ingestão calórica são verdadeiras armadilhas que podem causar obesidade no cavalo?
Sim, exatamente como no ser humano – se a ingestão é maior que o gasto energético, com o passar do tempo, é possível que o cavalo acumule gordura e fique com excesso de peso, chegando a obesidade.
Mas, como saber se o seu animal apresenta excesso de peso? E, quais são os riscos para a saúde do cavalo? Além disso, há diferenças entre as raças, quais são mais suscetíveis à obesidade?
Dependendo do metabolismo do animal, algumas raças são mais propensas ao acúmulo de gordura. De acordo com pesquisa realizada pela universidade de Bristol e o Grupo de Estudos Equino do Reino Unido, intitulada Prevalência de obesidade e fatores de risco associados em cavalos e pôneis, os animais da raça Cob têm 13 vezes mais chances de serem obesos do que os cavalos leves como árabes, puro-sangue etc. (artigo original em inglês, aqui).
Muita gordura prejudica a saúde do animal. Mesmo em um passeio o animal sofre porque o peso excessivo diminui muito a tolerância ao esforço. Portanto, são muitos os problemas que o excesso de gordura causa, os mais preocupantes são:
1 – O cavalo fica mais suscetível aos problemas musculares. Mais carga para carregar aumenta consideravelmente a probabilidade de lesões articulares e ósseas;
2 – O resfriamento natural do corpo estará dificultado em função das camadas superficiais de gordura que impedem a dispersão do calor corporal;
3 – Excesso de peso pode afetar a fertilidade da égua ou reduzir o tempo de gestação. Também pode diminuir a secreção láctea prejudicando a alimentação do potro;
4 – No caso do garanhão o acúmulo de gordura na região abdominal baixa e na região dos testículos causa aquecimento e pode provocar anomalias no sêmen;
5 – O animal obeso pode desenvolver laminite ou aguamento, um processo inflamatório na parede do casco que causa manqueira e deformidade permanente do casco;
6 – O excesso de peso também aumenta muito o risco de desenvolver pequenos tumores de gordura, doenças cardíacas, cancerosas, de pele e digestivas.
Para identificar se o animal está acima do peso é necessário saber o Escore de Condição Corporal (ECC) do equino, indicador baseado no depósito de gordura em certas regiões do animal. Essas áreas são facilmente visualizadas e palpadas.
Existem diferentes índices criados por alguns pesquisadores para reconhecer essa condição. Os mais usados são os sistemas de Henneke, que considera uma escala de um (1) a nove (9) – onde um é o cavalo extremamente magro e nove um cavalo excessivamente obeso e o criado por Carroll e Huntington (costuma ser o preferido de alguns criadores), que utiliza uma escala de zero (0) a cinco (5) seguindo o mesmo princípio, quanto maior a pontuação, maior o sobrepeso do animal.
As áreas a serem observadas, palpadas e dadas as notas são: crista do pescoço, a parte superior do pescoço; cernelha ou garrote, parte entre os ossos do ombro e pescoço; espádua, uma parte dos membros anteriores muito importante e responsável pelo amortecimento do impacto; e, a região torácica.
Esses índices são um pouco subjetivos, já que dois avaliadores podem chegar a pontuações diferentes. Mas, mesmo assim, é a forma mais usada para descobrir a condição corporal equina e identificar o sobrepeso no animal. Por isso, é importante conhecer as áreas indicadas para a avaliação e em caso de dúvida consultar o médico veterinário para esclarecimentos.
Veja abaixo a tabela que descreve cada pontuação:
Escore | Descrição |
1 Extremamente magro | Animal extremamente magro. Processos espinhosos, costelas, base da cauda, tuberosidade coxal e isquiática proeminentes. Estrutura óssea de cernelha, ombro e pescoço facilmente visualizada. Não é possível sentir tecido adiposo na palpação. |
2 Muito magro | Animal magro. Pequena camada de gordura cobrindo a base dos processos espinhosos, processos transversos das vértebras lombares arredondados. Estruturas de cernelha, ombro e pescoço moderadamente fáceis de discernir. |
3 Magro | Presença de gordura em boa parte dos processos espinhosos, não é possível sentir os processos transversos. Camada fina de gordura cobrindo as costelas. Processos espinhosos e costelas fáceis de discernir. Base da cauda proeminente, mas não é possível identificar visualmente e individualmente as vértebras. Tuberosidade coxal parece arredondada, mas facilmente discernida. Tuberosidade isquiática não distinguida. Cernelha, ombro e pescoço acentuados. |
4 Moderadamente magro | Linha das costelas pouco aparente. Proeminência da base da cauda depende da conformação, gordura pode ser sentida ao redor. Tuberosidade coxal não é visualizada. Cernelha, ombro e pescoço magros, mas de forma pouco evidente. |
5 Moderado | Costelas não podem ser visualizadas, mas podem ser facilmente palpadas. Gordura ao redor da base da cauda começa a ficar mais pronunciada. Processos espinhosos da cernelha possuem cobertura de gordura, levando a aspecto arredondado. Ombro e pescoço se harmonizam com o resto do corpo. |
6 Moderadamente gordo | Gordura sobre costelas se acumula. Gordura ao redor da base da cauda é macia. Gordura começa a se depositar ao longo das laterais da cernelha, atrás dos ombros e nas laterais do pescoço. |
7 Gordo | As costelas podem ser palpadas individualmente, mas percebe-se evidente preenchimento de gordura entre elas. Gordura na base da cauda é macia. Deposição de gordura em cernelha, atrás do ombro e no pescoço. |
8 Obeso | Dificuldade em sentir as costelas. Gordura da base da cauda muito macia. Áreas ao longo da cernelha e atrás do ombro preenchidas com gordura. Notável engrossamento do pescoço. Gordura depositada na parte interna das coxas. |
9 Muito obeso | Gordura aparecendo sobre as costelas. Abaulamento da gordura na base da cauda, cernelha, atrás do ombro e no pescoço. Gordura na parte interna da coxa pode levar à fricção das pernas. Flanco preenchido com gordura. |
Com alguns cuidados básicos na alimentação, monitorando regular do peso e da condição corporal dos cavalos, a obesidade pode ser evitada. As medidas principais serão diminuir a ingestão calórica e aumentar os exercícios físicos.
Para o animal que já apresenta peso excessivo o ideal é reduzir a quantidade de grãos que ele consome, além de trocar o feno de alfafa por feno de gramíneas. E, ainda, diminuir as horas de pastagem nos casos de pastagem abundante e rica.
A obesidade em seu cavalo é algo que você e seu veterinário têm muito controle e influência. Da mesma forma que é o caso da obesidade em humanos, resolver o problema e alcançar o objetivo não acontecerá da noite para o dia e exigirá acompanhamento e cuidados por parte do seu veterinário.
Espero que esse conteúdo tenha sido útil.
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